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Entrevista com Eduardo Kobra | A Arte Acessível

Em parceria com o Clube do Designer, entrevistamos o grafiteiro e artista plático Eduardo Kobra. Confira esse papo sobre design e arte acessível!

Autor: Redação Impacta

Por Giovana Tarakdjian*

Essa semana estamos homenageando um dos maiores artistas de rua, ou Street Art, do Brasil: Eduardo Kobra.

Para saber um pouco da sua história, nossa colega Giovana contou com a preciosa ajuda de Andressa nessa entrevista com o artista, que foi efetuada por e-mail. À todos nosso muito obrigado!

Clube do DesignerQuantos anos você tinha quando iniciou a carreira com o graffiti?

Eduardo Kobra – Meu primeiro contato com o universo da Street art, aconteceu em 1987 no bairro do Campo Limpo em SP, na realidade, inicie mesmo com Pichação, só depois de 3 anos fiz meus primeiros desenhos em Muros.

CD Quando iniciou, quem mais te apoiou?

EK – Minha Mente, me senti só, totalmente, família, amigos , parentes, todos diziam que isso era loucura, sem futuro, pintar, grafitar, etc.. coisa de desocupado, na opinião deles o correto mesmo seria seguir algo mais padrozinado, tipo Medicina , sei lá. Decidi correr todos os riscos e seguir meu coração.

CDVocê é auditada ou chegou a fazer cursos de desenho e pintura?

EK – Autodidata, completamente, mas é necessário esclarecer que isso absolutamente não significa que em paralelo, meu tempo quase que totalmente não foi ocupado por pesquisas, visitas a exposição, atelier, galerias de arte, enfim, me esforcei e procuro sempre estar atento as novidades para manter meu trabalho atualizado.

CDO que lhe chamou mais atenção para iniciar sua carreira com o graffiti?

EK – Antes de grafitar, eu já pertencia a um grupo de break, chama jabaquara breakers, dai por diante, conheci filmes, e livros americanos que me atraíram para este universo, lembrando que o grafitti é um dos elementos da cultura Hip-hop.

Entrevista com Eduardo Kobra

CDVocê acha que ainda existe preconceito para o Graffiti?

EK – Acredito que o que existe hoje é falta de conhecimento de algumas pessoas, porque é muito difícil não reconhecer o que grandes críticos e galeristas do mundo inteiro já perceberam, que evidentemente as ruas ao redor do mundo tem formado grandes artistas, e São Paulo, por ser uma, senão a principal cidade do mundo em street art, não perde em nada, com nomes reconhecidos tanto nacional como internacionalmente. Mas é claro que, na minha opinião, a arte não acontece da noite para o dia, temos que resguardar as proporções e afirmo que assim como em outras áreas, existem estágios que só o tempo é capaz de ensinar.

CDQuais os nomes que lhe inspiram para desenhar/pintar?

EK – No início Jean Michel Baskiat, Keith Hering, depois conheci os brasileiros Cândido Portinari, Tarsila, me emocionei muito com os muralistas mexicanos, Diego Rivera, David Siqueros… Hoje em dia tenho referências em pintores como Kurt Wenner, Erick Grohe, e a própria equipe de muralistas Cite Creation, que em breve deve realizar obras no Brasil nas quais minha equipe deve participar.

CDQuais técnicas você usa para suas obras?

EK – Um pouco de tudo, isso depende do tipo de textura, material, mural, superfície. Utilizo variados materiais que vão desde tintas acrílicas até tintas automotivas, passando por pincéis, aerógrafos, enfim a cada novo mural é uma nova experiência com materiais.

CDO que lhe deu o “estalo” de fazer os muros da memória?

EK – Sempre fui envolvido com o universo retrô, vintage, curto tudo que é antigo.. Mas o projeto surgiu mesmo ao acaso, durante uma visita a uma exposição que acontecia em um shopping na Avenida Paulista, me deparei com fotos de 1920, que mostravam a própria avenida Paulista, com seus casarões – logo me dei conta que tudo aquilo não existia mais, derrubaram tudo para construir estacionamentos e prédios envidraçados, percebi o total descaso das autoridades no Brasil em relação a preservação do Patrimônio Histórico. Essa foi a forma que encontrei para que, de alguma forma, o que “eles” demoliram, eu, com meu trabalho, reconstruo tudo de novo artisticamente.

CDQuais de suas obras você acha mais intensa em seu olhar de artista?

EK – Gosto sempre da última, da obra que estou produzindo, isso porque esta obra carrega tudo que sei até o presente momento.

CDQuais cidades brasileiras possuem suas obras?

EK – Brasília, Rio de Janeiro, Bahia, Belém do Pará, Santa Catarina, Porto Alegre, São Paulo, Minas Gerais, e dentro destes estados várias outras cidades.

CD – Cite alguns trabalhos executados no exterior.

EK – Este ano pintamos 2 obras – uma em Londres outra em Lyon capital européia do Muralismo. Ttemos ainda para este ano a previsão de realizar obras em outros países, fui convidado para pintar no México, China, Estados Unidos – nos estados do Arizona e na Flórida – e por fim na Grécia.

CD – O que é pintura anamórfica e qual técnica você utiliza?

EK – Pintura anamórfica consiste na distorção de imagens e que quando visualizadas em determinado ponto pré marcado, formam imagens nítidas e definidas. Essa técnica existe desde 1500. O segmento que utilizado é chamado de chalk art, ou seja, pintura sobre pavimento, é isso, pintar em calçadas criando a ilusão de desenhos em 3d, sou pioneiro nesta técnica no Brasil.

CDVocê já pintou telas? Pretende pintar mais ou isso foge da sua proposta?

EK – Sim, muitas, podem ver no meu site: eduardokobra.com, mas não tenho muito tempo para pintar telas, tenho muitos desenho, rascunhos que pretendo em um futuro próximo, utilizar em telas e outros suportes diferenciados.

CDHoje você é reconhecido nacional e internacionalmente – o que pode dizer aos jovens para conseguirem um lugar no mundo das artes neo-vanguarda?

EK – Exatamente o que disse no inicio da entrevista, se arte for a sua verdade absoluta, vá em frente, faça com amor, carinho e dedicação, e pode ter certeza que as demais coisas lhe serão acrescentadas.

CDConhecemos hoje um grande artista brasileiro que já é referência nacional. Muito obrigada!

EK – Foi um prazer!

 

Giovana Tarakdjian é instrutora da Divisão de Art & Design da Impacta e colunista do Clube do Designer.

Texto publicado originalmente no Clube do Designer

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