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Os gadgets e nós: quem está no poder?

O conhecido pau de selfie ou selfie stick é um dos mais recentes dispositivos a invadir as nossas vidas. Mas quem está no poder, nós ou os chamados gadgets?(...)

Autor: Anderson Baldin Figueiredo

Estou para escrever esse artigo desde o final do ano de 2014, quando estive na cidade do Guarujá e a todo instante notei pessoas reunidas dentro do mar em posições muito semelhantes – todas as cabeças juntas -, olhando para um smartphone ou uma câmera colocada na ponta de um bastão em busca de um melhor ângulo para registrar o momento. Não precisava dizer que me refiro ao conhecido “pau de selfie” ou selfie stick, como é denominado nos países de língua inglesa, ou, falando de uma forma mais técnica, ao monopod, um dos mais recentes gadgets a invadir as nossas vidas.

   O que são os gadgets?

Vamos tentar entender ao que se refere à expressão “gadget” no ambiente de Tecnologia da Informação e de Telecomunicação.

Utilizamos essa expressão para dispositivos, aparelhos, softwares, aplicativos, e etc, que são desenvolvidos com o objetivo de nos auxiliar em nosso dia a dia.

Notem que além de equipamentos físicos, incluí produtos relacionados a software dentro do universo de “gadgets”, no entanto, nesse artigo vou me ater apenas à interferência nem sempre positiva dos aparelhos no comportamento e no cotidiano das pessoas.

Numa próxima incursão, podemos explorar um pouco mais a questão dos softwares e aplicativos.

Se esses dispositivos são criados a todo instante para facilitar a nossa vida e alguns dele são comprovadamente casos de sucesso, por que o título acima é tão rigoroso? Existe mesmo uma disputa de poder? Há que se avaliar uma atitude aparentemente lúdica a padrões de extrema seriedade? Qual o limite suportável dessa interferência em nossa vida?

Poderíamos ficar horas trazendo indagações para as quais não temos e talvez nunca tenhamos as respostas absolutas, mas acredito que esse seja um bom momento para refletirmos sobre esse cenário e buscar algumas respostas, ainda que não definitivas, sobre o caminho que está tomando o relacionamento entre nós, seres humanos, e os dispositivos projetados, concebidos e desenvolvidos para nos auxiliar e que acabam por nos modificar nem sempre de forma positiva.

   O “pau de selfie” e o usuário “escravo”

O “pau de selfie” é apenas mais um desses produtos e não tenho a menor intenção de transformá-lo num vilão de nossos dias, em especial porque considero a ideia original e de uma utilidade muito grande como um acessório para a câmera de ação GoPro, facilitando os seus proprietários na realização de auto-retratos (“selfies”) com mais amplitude e eliminação de detalhes anatômicos como braços e mãos que seguravam os dispositivos.

Pouco tempo após a chegada ao Brasil dos primeiros exemplares dos selfie sticks, ainda a preços não tão acessíveis e que eram praticamente exclusivos para utilização em câmeras GoPro, a criatividade nacional se fez presente e surgem novos bastões que permitem também a conexão com a grande maioria dos smartphones utilizados pela população.

Com isso, passamos a ver diversas opções do produto, com os mais variados preços e que foram rapidamente incorporados pela população em todos os cantos do país.

Aqui começo a reflexão proposta no título do artigo, usando a invasão do “pau de selfie” como referência e buscando responder às perguntas relacionadas acima.

Como toda novidade tecnológica que cai no gosto da população hoje em dia, existe uma tendência dos usuários em praticamente se obrigar a incorporá-la e se comportam como “escravos” da nova tecnologia, utilizando-a a todo instante, em todo e qualquer lugar, sem mensurar ou avaliar se estão importunando o ambiente ao seu redor, quer seja social, profissional e, principalmente em lugares públicos em que as pessoas presentes podem se sentir incomodadas.

Por outro lado, há que se tomar cuidado em não transformar essas experiências não bem sucedidas em argumentos visando impedir a proliferação do acessório.

Alguns cuidados por parte dos usuários, a atenção das autoridades em eventos públicos de grande afluência (jogos de futebol, desfiles carnavalesco, por exemplo) e um pouco de paciência dos não-usuários são elementos-chave para sobreviver a mais essa onda, que em pouco tempo será substituída por outra novidade e acabará sendo encostada pela maioria dos usuários altamente ávidos por novas ofertas e pouco fiéis àquelas que num determinado momento chegaram a modificar seu padrão de comportamento.

Se voltarmos a um passado não muito distante, recordaremos que vimos cenários muito semelhantes originados a partir do surgimento de diversos “gadgets”: quando surgiram as câmeras digitais portáteis; a invasão dos pendrives MP3/MP4 que foram precursores do que hoje conhecemos como Big Data, os smartphones e as redes sociais, que consolidaram de forma definitiva a comunicação digital em detrimento da primitiva troca de informações pessoa a pessoa.

Poderia relacionar um número incontável de dispositivos como as películas de proteção, as caixas acústicas para videogames e muitos outros.

A tecnologia evolui para nos servir e não para nos escravizar. Ainda que num primeiro instante nos deixemos levar pela empolgação, é imprescindível identificarmos nos novos produtos as benesses e as vantagens que eles trazem para a nossa vida social ou profissional.

Afinal de contas, os investimentos de P&D e de marketing realizados pelas empresas de tecnologia são norteados, em sua absoluta maioria, para nos oferecer novas possibilidades e nos apresentar variações e evoluções ao nosso ambiente já controlado.

Finalizando, a mensagem que fica e que acredito responda ainda que de maneira genérica ao conjunto de questões sobre o tema, é que devemos continuar atentos às novidades, devemos a partir de nossas demandas e necessidades incentivar os fornecedores a desenvolver novos produtos e soluções, mas temos que estar bem cientes que as novidades estão aqui para nos servir, nos auxiliar e nos proporcionar melhores experiências como cidadãos e como consumidores e não o contrário.

Essa é a minha contribuição e já encerro porque tenho alguns amigos me esperando para que tiremos uma selfie. Logicamente, como somos muitos, a paisagem litorânea é espetacular e queremos nos inserir no momento atual, o “pau de selfie” já está preparado, mas dentro dos limites de convivência e de discrição necessários.

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