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Fotografia: Por que 35mm?

Fotografia: por que usar uma câmera 35mm? Entenda!

Autor: Paulo Cesar

Olá galera! Muitos perguntam por que se deve aprender fotografia com câmera 35mm.  Há muitas respostas. Mas talvez seria melhor entender antes, o que é 35 mm.

É importante frisar, antes de mais nada, que o objetivo desse estudo não é o de credenciar ou descredenciar qualquer marca ou modelo de câmera. Pelo contrário, queremos apenas destacar características positivas e negativas em favor do “aprender fotografia”.

Em rápidas palavras o 35 mm é a área útil disponível para a sensibilização da imagem no filme a cada click.

Observe que as dimensões do filme 35mm são de 24×36 mm cuja diagonal é 35mm.

Na câmera digital temos simplificadamente:

Ou seja, o sensor digital ocupa a mesma área útil do filme. Isso em tese pois, há configurações especiais em que se pode configurar o “ratio” para 3:2 ou mesmo 16:9 de proporções.

No entanto, o tamanho deste sensor é frequentemente um pouco menor do que o que vimos acima (ao qual chamamos de full frame) e que é considerado o tamanho APS-C. Ele é um pouco menor do que o full frame e é geralmente  medido como 1,5 (Nikon, Sony, etc.) vezes menor ou 1,6 (Canon) vezes menor.

Há implicações diretas sobre este redimensionamento, o que não é bem o objetivo deste pequeno estudo. Mas sim, a diferença entre um sensor full frame de uma 35 mm e o de uma câmera compacta, ou mesmo de um celular.

O tamanho do sensor é muito menor como indica a figura:

Ou seja, entre os vários formatos, o sensor mais ao meio da imagem, é tipicamente o sensor de uma compacta e por conta de seu tamanho, é tipicamente um CCD.

As implicações mais diretas são: não permitem explorar, como o 35mm, a profundidade de campo, ou seja, o desfoque utilizado na fotografia para várias finalidades como por exemplo, separar a curtas distâncias,  o “assunto” principal, do fundo como na imagem:

Observe que a área de nitidez está mais ao rosto feminino e começa a ficar menos nítido mais a frente na blusa e posteriormente no cabelo do rosto masculino.

É possível obter o mesmo resultado com uma compacta?

Não, um pouco se você se afastar bastante do retratado (isso se sua compacta tiver zoom suficiente). Obviamente que isso também é possível no photoshop, mas você vai precisar entender um pouco mais de lentes para obter esse resultado natural (já que não é apenas um gaussian blur) obtido em um simples click com uma 35mm e uma lente de aproximadamente 300 reais fixa 50mm f/1.8 que bem conservada dura vários anos.

Por outro lado, o sensor menor ainda carrega um grande fardo: o ruído. Em situação de pouca luz, pode estar certo que ele se faz presente e é literalmente “feio”. Alguns o comparam a granulação do filme, o que absolutamente não tem nada a ver. Geralmente aparece “gritante” nas áreas mais escuras da imagem e quando clareadas então, nem se fala. Geralmente algumas câmeras demoram muito tempo até liberar outro click processando a imagem para diminuir esse ruído.

Mas principalmente, voltando ao 35 mm, temos outros pontos discutíveis:

1- compacta

2- compacta com lente e sensor do 35mm

3- compacta avançada

4- 35mm digital sem a lente

O tamanho da câmera pode ser visto como vantagem ou como problema:

1) Se você procura uma câmera com dimensões reduzidas, as pequenas compactas são extremamente práticas e foram projetadas para se adequarem ao bolso. E nisso elas são realmente fantásticas pois o mecanismo da lente que ocupa razoável espaço, em alguns modelos, tende a se recolher ainda mais e tornar a câmera um pequeno “card”.

Essa praticidade tem um custo: a ergonomia. Geralmente é necessário usar as 2 mãos (na ponta dos dedos) para segurar e fazer um click. Já que pode escapar facilmente das mãos, não é incomum deixá-la cair, instante em que a falta daquela alça passada no pulso, é o principal fator de uma “curta durabilidade”.

2) Uma nova tendência é a de se usar nessas pequenas compactas, a lente e o sensor APS-C da digital 35mm de suas irmãs maiores. E nisso a sempre criativa fabricante Sony encarou muito bem.

Restaura-se a capacidade e a possibilidade de fotografia criativa. Porém há um custo discutível que é o de ocupar mais espaço. O compromisso com a praticidade passa a ser fator determinante. Mas o resultado é o de um passo adiante na expectativa de se obter belas imagens com poder de criatividade aumentado em favor da possibilidade de se trocar de lente e de se obter resultados diferenciados.

A câmera passa a ter características de amador avançado. E pode se utilizar dos resultados de um diafragma mais fechado em função de ter um sensor maior que o das compactas comuns que só chegam a diafragma 8. Ou de desfoques naturais causados pelo diafragma mais aberto, brincando com os planos.

E ainda pode contar com o foco manual.

3) Amador avançado, essas câmeras geralmente contam com recursos de lente zoom incríveis. Se você deseja fotografar o Tigre Branco bem de pertinho, andando para lá e para cá no Zoológico, esta é uma boa pedida pois há modelos de câmeras que simulam zoom de 800mm (ou mais). Dá para fazer um retrato do “gatinho”!

Essas câmeras ainda compactas contam com processadores mais rápidos que agilizam o rendimento da fotografia melhorando seu desempenho. Mas geralmente são câmeras com sensores pequenos e em alguns casos, perdem algum tempo processando a imagem buscando amenizar o ruído. E geralmente tem uma ergonomia melhor possibilitando fotografar usando-se apenas uma das mãos. Elas até são parecidas com câmeras maiores 35mm.

4) A câmera 35 mm tem, com relação as suas irmãs menores, uma série de diferenças.

Natureza

A começar pelo tamanho, são maiores e bem mais pesadas. Do ponto de vista da praticidade: pode ser considerada um trambolhão. Mas do ponto de vista do aprender fotografia, ela tem um ótimo tamanho. E seu peso dá estabilidade.

Tem ergonomia para se fotografar até com uma das mãos. Tem acesso rápido (botões) a funções cruciais para o ato fotográfico: velocidade e abertura. Conta ainda, dependendo do modelo, com outros botões para acesso rápido a escolha de ponto de foco, ISO, informações de exposição, foco automático ou manual, modalidade de foco, e uma série de outros recursos para agilizar a velocidade e intuição técnica de uma foto.

O sistema de troca das lentes. Isso propicia a obtenção de qualquer tipo de fotografia para qual você tem mais preferência ou vocação. Perto e muito perto, longe e muito longe, grande angular ou super tele, etc.

Obviamente é mais cara. Possui menos ruído que uma compacta. Tem sistema de foco muito rápido (algumas compactas também tem). Adapta-se a qualquer situação de fotografia, inclusive ao estúdio. Basta ligar a câmera e em fração de segundo ela está pronta para clicar.

Dê uma olhada novamente na imagem “natureza” anteriormente. Talvez você não tenha notado que:

a) o foco está evidenciando um segundo plano. Na câmera 35 mm ideal para se aprender fotografia, você pode escolher a qualquer instante onde será o foco. Com isso há uma flor mais próxima da câmera que está em desfoque, uma segunda flor em foco e em terceiro plano, o fundo.

Uma câmera compacta procura naturalmente o objeto mais próximo para fazer foco. Muitas vezes é preciso enganá-la para mudar o foco. E ainda, a essa distância entre câmera e assunto, não teríamos o mesmo desfoque. A maioria esmagadora de modelos, não tem foco manual. E quando tem não é pratico pois é eletrônico.

b) Fotografia, não é apenas escolher um assunto, no caso as flores, e clicar. Nela entra também o fundo que neste caso é bem escuro. A tendência natural de uma câmera compacta é de avaliar a cena toda e “calcular” que há mais da metade de pixels na foto predominantemente escuros. A câmera não tem poder de decisão para “clarear” somente os pixels escuros da foto. Então ela calcula a média para que a foto todinha seja mais clara.

Com isso, a flor mais a direita, que recebe mais luz, tenderá a receber mais luz ainda. Perde-se textura e cor. Em uma câmera DSLR (Digital Single Lens Reflex), você pode escolher um tipo de leitura de luz em que pode-se apontar para uma pequena área e marcá-la como referência de exposição. Com isso, ela não fará avaliação do restante da imagem, possibilitando essa foto já estar perfeita no ato do click.

Uma outra questão que envolve as câmeras DSLR é o seu preço. Não são baratas, mas também não são tão caras como muita gente pensa. Pesquisando na Internet encontramos alguns preços. É importante frisar que não conhecemos estes fornecedores indicados nos sites. Você pode também ir direto a locais como na R. Conselheiro Crispiniano em São Paulo e dar uma caminhada pesquisando preço e condições de pagamento.

Uma Nikon D3000 de entrada pode ser encontrada na internet pelo preço de R$ 1.265,15. E pode ter garantia e assistência técnica aqui no Brasil. É uma câmera pequena, com “pegada” mais apropriada para as mãos menores. Vem com a lente básica 18-55mm (distância focal). É ótima para o aprender a fotografar. Muito prática e de fácil uso.

Se você pensar que sem qualquer interpolação, uma câmera de 8 megpixels gera um arquivo praticamente nas dimensões do A4, com os 10 dessa câmera você poderá dar asas a sua imaginação.

Já a Canon tem um modelo de entrada que custa um pouco mais. É a T3 (ainda fabricada). Ela conta com 12 megapixels  e também vem com a lente básica 18-55mm. Também tem assistência técnica nacional. Tem uma “pegada” um pouco maior, mas conheço muitas fotografas que não abrem mão desse tamanho do corpo da câmera. É comercializada nos EUA a U$ 645,00.

Canon T3 de 12 megapixels por  R$ 1.372,55

Já a Sony tem seu modelo (mais simples) no Brasil vendida diretamente da fábrica, uma SLT-A35K cujo preço bem mais salgado, é de R$ 2.999,00.

E por não utilizar o espelho esta câmera tem alta velocidade de disparos em modo burst.

Há muitas outras marcas e modelos no mercado. É muito importante pesquisar preços e características da câmera.

Ao consultar algum amigo fotógrafo, provavelmente ele vai indicar algo super “sophisticated”. Bem isso não é nenhum pecado, mas dá para entender o seguinte: você já está achando que investir numa câmera digital por esses preços já é uma grana, para que gastar R$ 5.000,00 em algo que você não tem certeza de que se dará bem?  Por outro lado ele também dirá que esse modelo que você está pensando não consegue fazer quase nada.

Não é bem assim. Com uma câmera fotográfica de uso profissional, seu maior investimento nem é no “corpo” da câmera, mas sim nas lentes. O resultado que o amador iniciante, que está ainda aprendendo a fotografar, é muito diferente daquele que um profissional quer. E não faz sentido gastar 3, 4, 5 mil reais (ou até muitas vezes mais do que isso) em uma lente que serve apenas para uma determinada condição. E pode ter certeza, que se você avançar na fotografia, esta primeira câmera ainda continuará sendo útil. Aprenda fotografia, e entenda seu investimento.

Vale a pena comprar uma camera usada? Sim, desde que você conheça a sua origem, e que não tenha um grande número de disparos já feitos: uma DSLR, facilmente dispara 20, 30, 40 mil clicks.   Geralmente os fabricantes garantem algo em torno de 60 mil a 100 mil. Nas profissionais este número pode chegar até a 200 mil. Pontos estes em que o mecanismo do espelho (algumas câmera já não tem) e do obturador podem começar a apresentar problemas.

Nas Lentes o que pega é a possibilidade do  fungo (que começa como pequenos pontos na área interna da lente), e ainda o desgaste do mecanismo de zoom, ou ainda problemas com o sistema de foco.

Vale a pena comprar lá fora? Infelizmente aqui, os impostos para comercialização de material fotográfico são absurdos. Uma Nikon D3100 (14 megapixels e lente básica) custa menos do que 600 dólares. Aliás é um referencial de preços procurar na www.bhphotovideo.com que é uma loja em NY que vende de tudo na área de fotografia.

E por que 35 mm?

Cada coisa no seu lugar. Uma câmera 35mm DSLR está o tempo todo pronta para receber o seu comando. Ela tem botões de rápido acesso. Tem controles avançados e precisos de luz, foco e zoom. Um fotojornalista a prepara para um click sem praticamente olhar para ela.

Uma câmera digital compacta básica ou avançada, é muito diferente já que a proposta dela (e elas cumprem isso muito bem) é a de tentar “adivinhar” o que você está tentando fotografar. Sim, os engenheiros são incríveis preparando esquemas específicos de configuração para que você fotografe uma criança, ou um esportista, ou uma pequena flor, ou alguém na frente do lago iluminado à noite, e etc.

Porém você briga o tempo todo, porque não leu o manual, para configurar sua câmera para essas situações onde geralmente envolve uma sequência ” botão-menu/ submenu/ opção A, B ou C com possibilidade de associar a função D” em seus dois ou três botões.

Na camera DSLR, existem até algumas funções totalmente automáticas dessas, mas na real, ela simplesmente acredita no que você faz. Ela não questiona. Então, se no momento do disparo algo não está dentro dos padrões normais computados pela câmera, ela mesmo assim não te bloqueia, ela simplesmente faz a foto. Os parâmetros são definidos por você, segundo as condições de luz que você viu na cena. Basicamente ela só te te avisa: luz ok ou falta luz ou luz excessiva, e o foco foi alcançado em “tal” ponto. A compreensão da cena é totalmente sua. E ai você compôs sua super foto, a sua poesia.

E ainda, nas DSLR você pode trocar de lente, e obter resultados surpreendentes em função de suas características de fotografia.

Dá para fazer algo parecido na sua compacta avançada? Até dá, mas pela proposta de construção da câmera, como já dissemos,  isso é bastante fora do comum. Não é prático, e nem é rápido. E por vezes, até inviável.

Mesmo fotografando uma simples criança eu posso fazer uma foto melhor com uma DSLR? …   Ô se pode!  E muito provavelmente, você não vai mais querer saber de “face detection”!

Esse é o diferencial, uma compacta tenta te ajudar o tempo todo enquanto que uma DSLR – não.   Se você não entende nada de fotografia e luz, é uma ajuda muito bem vinda. Mas não é por ela é que se aprende fotografia.

É por uma 35mm que você passa a entender o que acontece com a luz e que julgamento faz.

E a técnica transforma-se numa intuição; “como um tocar de ouvido”!

Um grande abraço a todos.

OBS: Este artigo foi produzido no ano de 2012.

3 Comentários

  1. Ronaldo Mitt disse:

    Gostaria de esclarecer que o termo 35mm se refere a bitola do antigo filme, que era a mesma usada no cinema. Na verdade a área útil do filme era 43,26mm, medida na diagonal, conforme o Teorema de Pitágoras.

  2. Paulo Chagas disse:

    (i) Bitola: é a largura determinada pela distância medida entre as faces internas dos trilhos de uma ferrovia. Em 1889 George Eastman, fundador da Kodak, tendo em mente o paralelismo dos trilhos, criou para suas câmeras um filme fotográfico de bitola 35mm, onde os registros fotográficos seriam alocados em retângulos sequenciados de 36mm altura por 24mm de largura – menor que a bitola, certamente. (ii) Recordando que ÁREA é a medida de uma superfície, podemos concluir que a área (útil) de um retângulo de Eastman é 36mm x 24mm = 864mm2, e sua (iii) DIAGONAL, formando um triângulo retângulo com dois de seus lados (catetos), pode ser determinada pelo teorema de Pitágoras: D2 = (36mm)2 + (24mm)2 → … → D= √(1872〖mm〗^2 ) → D = 43,26mm.

  3. Paulo Chagas disse:

    As primeiras experiências cinematográficas dos irmãos Lumiére, em 1895, também se valeram da bitola de 35mm de Eastman, mas somente em 1927, o filme 35mm foi preparado para receber as trilhas de som óptico. Para tal, os frames [retângulos] foram redimensionados, conferindo características particulares à bitola cinematográfica. >>> (iv) Largura [bitola] do filme: 35 mm; (v) Dimensões do fotograma: 16,03 mm x 22,05mm; (vi) Proporção do fotograma: 1,37; (vii) Diagonal do fotograma: 27,26 mm; (viii) Distância entre fotogramas: 19,00 mm; (ix) Perfurações por fotograma: 4 + 4 (4 de cada lado); (x) Dimensões da perfuração: 2,79 × 1,98 mm; (xi) Espaço reservado ao som: 2,13 mm; (xii) Cadência de projeção: 24 qps ou 45,60 cm/s; (xiii) Fotogramas em 1m de filme: 53; (xiv) Tempo de projeção de 100 m de filme: 3 min 40 s.

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